Veio de longe com olhar de quem teme,
Tão pequenino, parecendo sozinho,
Abandonado à sua triste sorte,
Desprovido de tudo, perdido de si.
Veio até mim, frágil menino,
Sincero, inocente, despido de vida.
Abraçou-me assim, tão quente, tão pequeno,
Percebi então que eras tu, que eu sonhava e delirava.
O menino então largou-me o corpo e eu acordei,
Afinal a triste sorte era a minha
E o menino nunca mais voltou.
Estou nua hoje,
Nua de mim,
Nua de ti,
Despida de vida.
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Errei no que mais não podia,
E faço hoje, prestes a desistir,
Do erro minha mais cruel dança.
E matam-me a esperança aqui,
Onde me esqueço da vida,
Onde me lembro de ti.
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Sou de mim o desespero, de ti a desilusão,
Vivo a dor de o ser,
Bebo o medo de não ser capaz um dia
De olhar pra ti sorrir e dizer:
– Sê feliz, meu amor, que me vou!
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Estou hoje aqui nua de tudo,
Despida de ti.
Já nem dormir consigo…
Houve um dia em que me deram tintas para pintar a vida,
Mas eu não entendi e elas acabaram por secar,
Hoje preciso delas e já nem sei o que são cores.
Deixei-me levar pelo sonho
E agora que não sou nada aparte dele,
Visto-me de negro e pinto letras sem sentido que se lhes aponte.
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Já não tenho bem noção das marcas que deixei,
Das cores com que te pintei sem saber que as tinhas.
Estou hoje presa no que te dei,
No que não há de voltar a mim,
Na imagem com que te sonhei,
Na vida onde que te imaginei.
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Agora, de negro gasto pelo tempo,
Relato o caminho para saber que já andei.
Olho a volta sem saber o que de mim sobrou,
Serve-me de alento ao corpo frio
O manto de cores que deixas-te para trás.
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Houve um dia em que voltas-te disposto a ser pintado
Mas fechei-te a porta, por engano.
Mal de mim, prendi-me cá fora,
Tranquei-me em mim sem hipótese de voltar.
Agora olho a preto e branco as cores da tua vida,
Já não lhes pertenço…
Cores ligam com cores e as minhas eu deixei-as secar.
Era uma vez uma menina perdida na vida e um menino que gostou dos olhos dela.
Era uma vez um beijo e um sorriso.
Era uma vez o sonho de uma vida e uma felicidade a dois.
Era uma vez um dia mau com lágrimas.
Era uma vez um beijo e um adeus.
[Ficou a esperança mas até essa há de morrer antes do amor…]
Auschwitz
Maio 1, 2008
Não respondas, há dor aqui. Não pensemos sequer. Olhemos apenas, chega…
Foram os rostos da esperança, um dia. Foram o medo, os corpos feridos, a raiva de quem perdeu sem poder sequer lutar.
O arame farpado pintou-se de vermelho, a esperança fugiu mas as vidas, essas, ficaram do lado de dentro.
São as almas do passado, a ausência de tudo. Não restou nada, nem um pedaço de sonho para mostrar que estiveram vivos. Roubaram-lhes tudo! Ficou o rosto encaixilhado da esperança, a preto e branco, a negro e neve…
“History provides opportunity to learn, however this is a lesson that never need be tought”
‘Where there is life, there is hope’
Manic Street Preachers – You Love Alone Is Not Enough
Agosto 11, 2007
Inspiração perdida procura-se!
Existe um “obrigado” para quem a devolver de boa saude…
[Somebody there?]
Plagio contraditório
Julho 10, 2007
Vou esquecer o passado, para o hoje viver suave
Acabar com medo e vê-lo fugir… Talvez o inicio.
Amanhã dispo-me de tudo.
[…]
[Apenas um plagio contraditório do que é teu]